quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Malhado e a Sinhá

Com apenas dois meses e meio de idade, o Clube de Teatro apresentou-se à escola na Festa de Natal, representando a peça "O Malhado e a Sinhá", uma adaptação para teatro da história de amor impossível, escrita por Jorge Amado, entre um gato feioso e egoísta, de riscas amarelas e negras, e uma andorinha bela e louquinha.

"Era uma vez, antigamente, mas muito antigamente, quando os bichos falavam e as crianças chegavam no bico das cegonhas. Aconteceu naquele tempo uma história de amor". Assim começava a peça na voz do narrador.




Deixamos um diálogo delicioso entre o gato e a andorinha.

CENA 3

ANDORINHA SINHÁ – Não me diz bom dia, seu mal educado?
GATO MALHADO – Bom dia, Sinhá (mãos atrás das costas a fazer-se de “derretido”).
ANDORINHA SINHÁ – Senhora Sinhá, se faz favor… (o Gato põe a cara triste…). Vá lá… Podes chamar-me Sinhá, se isso te faz feliz…. Eu chamo-te feio!
GATO MALHADO (meio triste) – Já te disse que não sou feio…
ANDORINHA SINHÁ - Puxa! Que convencido! És a pessoa mais feia que eu conheço. Junto de ti, a minha madrinha Coruja é prémio de beleza…
GATO MALHADO (aparte) – Afinal, o que é que eu estou aqui a fazer? Esta Andorinha é tão linda, mas fedelha! Insulta-me… Faz-me sentir parvo!… Vou mas é pirar-me daqui para fora…(vira-se para a Andorinha… em voz alta) - Até logo.
ANDORINHA SINHÁ - Pronto, já se ofendeu… É convencido, mas inseguro! Ainda por cima… malhado! Não precisas de ir embora. Não te chamo mais “feio”. Agora só te chamo “lindo”…
GATO MALHADO – Também não é preciso isso…
ANDORINHA SINHÁ - Então, como te vou chamar?
GATO MALHADO – Apenas… Gato.
ANDORINHA SINHÁ – (Fica repentinamente triste, cabisbaixa) - Isso não te posso chamar…
GATO MALHADO – Não podes? Porquê?
ANDORINHA SINHÁ – Não posso conversar com nenhum Gato. Os gatos são inimigos irreconciliáveis das andorinhas…
GATO MALHADO – Quem te disse isso?
ANDORINHA SINHÁ - É verdade, eu sei! - (O Gato fez a cara mais triste do mundo. A Andorinha procurou consolá-lo) – Mas nós não somos inimigos, pois não?
GATO MALHADO – Nunca!
ANDORINHA SINHÁ – Então poderemos conversar…
GATO MALHADO - Que fizeste de ontem para hoje? Esta noite sonhei contigo, mas hoje estás mais linda do que no sonho…
ANDORINHA SINHÁ – Conta-me o teu sonho. Eu não te conto o meu porque sonhei com uma pessoa muito feia: sonhei contigo (Riem os dois. Corre um atrás do outro à volta do banco… mas vão chegando os pais da Andorinha)

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